" O ato de escrever, é apenas um ato." José Saramago

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Filhotes Beta


Se falar em um tom de voz alto e fazer cara de mau bastasse para ter o respeito de alguém, todo vocalista de trash metal seria reverenciado, porem, respeito não se impõem, não se pega a força. Há uma grande, enorme, gigantesca diferença entre respeito, medo e obrigação. Posso não respeitar alguém e ainda assim fazer o que ela me “manda”, seja por medo ou por que tenho que fazer, para seus olhos nem um pouco atentos, posso estar fazendo o que me pediu/mandou porque a respeito, mas não, respeito é algo um pouco mais do que isso. Sou o tipo de individuo que gosta de usar as “palavrinhas mágicas” (por favor, com licença e obrigado), mas infelizmente pouco as escuto, não entendo o motivo, afinal somos “seres civilizados e racionais”, não deveríamos estar ainda a guinchar e nos agredir com galhos e ossos. Realmente não entendo a necessidade que alguns indivíduos possuem de se sentirem o “macho alfa” do bando, será para afirmarem sua masculinidade perante os outros indivíduos ao redor, será para esconderem sua fraqueza, afinal de contas, a melhor defesa é o ataque, quem sabe para estimularem seus próprios egos? Não sei, e francamente não me interesso em saber, pois para que eu obtivesse tal resposta seria necessário um estudo do caso, sendo assim teria que reunir dados, e para isso precisaria passar algum tempo com esses indivíduos, algo que verdadeiramente, do fundo do meu córtex pré-frontal eu não desejo nem a um inimigo (caso eu tenha algum). Analisando essa questão do “macho alfa” e meu brutal estranhamento ao me deparar com um ser dessa “espécie”, me vem a duvida, será que o errado sou eu, será que eu é que sou o anormal da historia? Algumas pessoas me chamam de nerd (mesmo eu não gostando) ou de intelectual (mesmo eu também não gostando), e com o agravante de que a grande maioria dos homens que conheço possuem esse estereótipo de “macho alfa”, ou seja, desprovido de uma capacidade intelectual mais apurada, principalmente no que tange aspectos abstratos (burro, idiota, acéfalo ...), forte apreciador de bebidas alcoólicas (principalmente cerveja) e com um vocabulário limitadíssimo ( permitindo apenas que peça uma cerveja no bar e chame a garçonete de “gostosa”). Começo a desconfiar que o errado seja eu, ou quem sabe um portal interdimensional tenha se aberto no momento que nasci e por engano vim parar nessa dimensão, não sei, só sei, que tenho que conviver com esses seres que se auto-proclamam senhores de tudo, ou como eu prefiro chamar, “filhotes beta”.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Conversa social

Não entendo a necessidade que algumas pessoas possuem de estarem constantemente falando, conversando, divagando coisas que na grande maioria do tempo, são inúteis. Sim, o homem é o único animal que tem a articulação da fala, e isso é fundamental para nossa espécie, mas o ato de falar por falar não é a coisa mais sensata a se fazer. O mais caótico disso, é que para se estabelecer uma conversa são necessárias duas pessoas, eis que se estabelece um dialogo, ou seja, dois conhecimentos. Não, não e não, falar sobre o tempo, se vai chover ou “fazer sol” não pode ser chamado de dialogo e muito menos de conhecimento. A velha expressão que diz: “quando um não quer, dois não brigam”, definitivamente não vale para a conversa, “Quando um não quer, sim, dois conversam”. Esta ai a legitimação suprema da ação social de Weber, isto é, um individuo guiando sua ação pela ação do outro, muitas vezes somos obrigados a nos guiarmos por uma conversa mesmo não querendo. O que muitas pessoas não entendem é que nem todos são simpáticos e sorridentes em todas as horas do dia ( as 6:30 da manha nem que chova livros ... bem, nesse caso sim). Por mais irritante e incomodo que tal situação possa ser, e é, fica ainda pior quando o individuo 1, finalmente consegue desfrutar de um momento glorioso de silêncio e esta a aprecia – lo, repara que o individuo 2, espera dar sequência no bom e alegre papo matutino ou melhor, “madrugatino”, o individuo 1 acaba por se ver forçado a ser gentil e por mais que sua próxima ação possa ser totalmente contra tudo o que ele mais quer no momento, sim, ele começa mais um magnífico assunto qualquer com a profundidade filosofia de uma gata de água perdida em meio ao oceano. O que “compensa” esse ato pseudo-suicida, é ver o sorriso do individuo 2 ao notar que o individuo 1 se interessa em manter um monologo, digo, um dialogo, com ele, pois sim, o correto seria chamar essas conversas de monólogos, afinal são duas pessoas uma em frente a outra, falando qualquer coisa para si mesmas, no pano de fundo dessa situação, uma pessoa não esta interessada no que a outra tem a dizer, ou seja, não quer ouvir, quer sim, é apenas e tão somente falar, falar, e por fim, falar.   

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Férias


Eis as tão esperadas férias, um pouco de descanso para o corpo e para a mente. É chegada à hora de calçar os velhos coturnos pretos, a calça jeans também preta, minha camisa xadrez nova, ajustar perfeitamente ao meu gosto minha gravata borboleta, vestir um blazer qualquer para não passar frio, pegar um pouco de dinheiro, uma mochila com outras roupas, uma garrafa de Jack Deniel’s, e claro, meu sempre fiel cachimbo, montar na minha Harley e sair por ai sem destino. Não agüento de ansiedade, quero sentir o vento tocando meu rosto, quero sentir a liberdade e acelerar para o infinito. A noite quero dormir em alguma espelunca barata e mal cheirosa, sim, eu quero, afinal, após a viagem acabar tenho que poder reclamar de alguma coisa, caso contrario, não serei eu. Vou percorrer alguns quilômetros, não sei quantos, sei que quero libertar o stress, quero parar em algum mirante, e enquanto admiro a paisagem vou acender meu fumo e dar boas tragadas, em cada tragada que eu soltar, junto ira um antigo problema. Quando eu voltar, não serei um novo homem, serei o mesmo, porem, muito melhorado. Agora, só me falta um pouco de dinheiro e uma Harley.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Igualdade ...

Uma brilhante vitoria e um gigantesco passo em frente, rumo a uma verdadeira democracia que esta cada vez mais com os olhos voltados ao respeito e a igualdade de todos perante o Estado. O reconhecimento das uniões estaveis homoafetivas é sem duvida uma bela prova de respeito para com uma parcela da população brasileira. Podemos vislumbrar o dia em que o casamento civil será reconhecido e permitido. Saúdo o Superior Tribunal Federal em sua honrada e corajosa decisão, que não apenas favoreceu milhares de pessoas como também mostrou a todo o país o quão é grave o estado vegetativo do poder legislativo. Elegendo jogadores de futebol e palhaços, o que mais poderíamos esperar se não uma casa morta e sem sentido algum??? Assim como nos EUA em relação ao preconceito racial, o nosso STF fez valer a voz máxima e soberana de sua nação, a voz da Constituição Federal. Infelizmente mais uma vez vimos às garras da igreja católica se manifestar contraria a liberdade e igualdade de direitos, em um dia promove campanhas contra a homofobia e no outro é contra a união dos mesmos homossexuais que defendia no dia anterior, no mínimo incongruente. Creio que seria de grande valia que os bispos e companhia, se limitassem a suas respectivas insignificâncias e de uma vez por todas se dessem ao trabalho de ler e entender o artigo 19° da nobre Constituição, onde deixa claro a Laicidade do Estado. A opinião da igreja católica só é pertinente para os próprios católicos, ou seja, não deve se intrometer em assuntos legais. Porem, o que fica no dia de hoje é a felicidade que milhares de pessoas estão sentindo nesse momento, famílias tão ou muitas vezes até melhor estruturadas no que se refere a educação, respeito e amor do que famílias com bases patriarcais e machistas.  

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sem escolhas ...

Alice in Chains - Nutshell / composição : Jerry Cantrell

 
"Nós perseguimos mentiras mal impressas
Nós encaramos o caminho do tempo
E eu ainda luto, e eu ainda luto
Esta batalha toda sozinho
Ninguém para chorar, nenhum lugar para chamar de lar
Meu dom pessoal é estuprado
Minha intimidade é estuprada
E ainda acho, e ainda acho
Repetindo em minha cabeça
Se não posso ser eu próprio, eu me sentiria melhor morto."

domingo, 17 de abril de 2011

Olhos fechados

Era possível pegar a escuridão. Tentei caminhar em alguma direção que não sei qual era, só parei após  chegar a uma parede. Com as mãos tateei  sua superfície em busca de uma maçaneta para que pudesse abrir a porta e sair daquele lugar, em vão. Procurei um interruptor de luz, não o achei. Aos poucos o pavor começou a tomar conta do meu ser, a cada segundo que passava eu sentia meu coração bater cada vez mais rápido. Em minha mente começaram a passar pensamentos sombrios de minha morte, iria morrer sozinho e tomado pelo desespero. Minha vida começou a passar em minha mente como em um filme em preto e branco, vi alegrias e tristezas, vi amores e desilusões, vi a mim mesmo sonhando com um futuro que agora eu já não sabia mais se haveria. Em um ultimo suspiro de luta pela vida tomei uma atitude que mudaria minha vida para todo o sempre. Após pensar e ponderar sobre os riscos decidi fazer ... Eu abri os olhos. Sim, eu estava de olhos fechados. Após abri – los, vi que estava em meu quarto. Peguei algumas roupas, me vesti, e sai para mais um dia de trabalho. Após essa manha, nunca mais acordei de olhos fechados ...